quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Arte Urbana - O Barracuda! #1

pág. 08 do Jornal O Barracuda! #1 (Set/Out 2011)

Aline Benedito*
Colaboração

Cada vez mais presente nas grandes cidades, a arte urbana ganha respeito e desenvoltura no contexto cultural, criando com espectador uma relação de amor, ódio e reflexão, variando de acordo com a percepção histórica de cada um. Os grafiteiros utilizam a arte como forma de ativismo e muitas vezes a proposta é alcançada pelo impacto que o grafite causa, gerando sempre discussões sobre o tema. O grafite brasileiro é reconhecido como um dos melhores do mundo, tendo uma característica bem particular na sua realização, aqui os artistas mesclam uma grande variedade de materiais como; látex, pincel, rolo e spray. Apesar de toda a valorização que o grafite vem conquistando, ainda sofre preconceitos por uma parte da sociedade, o grafiteiro grafita porque gosta, na maioria das vezes independente do dinheiro e reconhecimento. Em relação com a pichação, a atitude de um grafiteiro e de um pichador é a mesma, o que muda é só o visual, o respeito é primordial tanto para quem está começando como para quem já está na cena há algum tempo.

Grafite realizado na banca de jornal para o Festival de Teatro Santista – FESTA 53
Fotógrafo: Vlaidner S. De Lima

Em Santos, o movimento busca levar cores a lugares que muitas vezes passam despercebidos pelo nosso cotidiano. São vários artistas, cada um com sua técnica e conceito que, juntos, transformam o dia-a-dia da cidade em um grande museu a céu aberto, onde o espectador, independentemente de sua classe social, pode contemplar as obras. A arte urbana tem em sua essência o olhar voltado diretamente para o povo, uma vez que ela é considerada arte popular, de povo para povo.

Quando falamos neste tipo de arte, nos limitamos a pensar somente no grafite, mas este é apenas mais um elemento da arte urbana, que possui outras formas de expressão como: sticker art, pôster art, estêncil, entre outros. Segue uma breve explicação sobre essas técnicas.

Sticker Art - É uma modalidade que utiliza etiquetas adesivas. É uma manifestação da arte pós-moderna popularizada na década de 1990 por grupos urbanos ligados à cultura alternativa. O trabalho pode ser realizado com o propósito de transmitir uma mensagem ou pelo simples prazer de enfeitar a rua expondo seu gosto ou ponto de vista no alto de um poste, atrás de uma placa e em caixas de energia, considerado como forma de grafite relâmpago. Os artistas usam a internet como forma de encontrar outros artistas que praticam essa mesma linguagem e a partir dai eles trocam endereços e cada um envia por correio seus stickers um para o outro.

Pôster art - Conhecido como lambe-lambe e também chamados de poster-bomber, é um pôster artístico de tamanho variado que é colado em espaços públicos. Podem ser pintados individualmente com tinta látex, spray ou guache. Quando feitos em série sua reprodução pode ser através de estêncil ou silk-screen. Geralmente é colado com cola de polvilho ou de farinha. O poster art faz parte das novas linguagens da arte urbana contemporânea assim como o sticker art.

Estêncil – É uma técnica usada para aplicar um desenho ou ilustração que pode representar um número, letra, símbolo tipográfico ou qualquer outra forma de imagem figurativa ou abstrata pelo meio de aplicação de tinta aerossol, através de um molde vazado de papel ou acetato. O estêncil obtido é usado para imprimir imagens sobre inúmeras superfícies, do cimento ao tecido de uma roupa. É conhecido também como máscara.

Na cidade de Santos temos alguns artistas que empregam essas técnicas.
Cá temos o Colante, que é um artista urbano completo. Ele trabalha com todos esses elementos da arte urbana, grafite, stickers, pôster art e estêncil, suas obras são totalmente autorais e na cena do sticker é um dos artistas mais respeitados no Brasil e no mundo. Também produz um programa documental chamado TVColante, totalmente voltado a arte urbana, vinculado pela internet, que consiste em um programa experimental, sendo o primeiro do Brasil voltado ao movimento. Temos também a Fase!, que é a primeira loja de Santos especializada em matérias para grafite, e faz parte da cena urbana utilizando o sticker como forma de divulgação. O Kid, que tem uma linguagem voltada para o público infantil. Ele grafita ursos em homenagem ao filho Vinicius, e seus trabalhos são free hand (feitos a mão livre). A Fixxa, que é a única mulher do movimento na Baixada Santista, utiliza em seus trabalhos estêncil e stickers e suas pinturas fazem alusão à história africana. O Bora, junção de um casal com a mesma ideia em um desenho só, utiliza Pôster Art e Estêncil. Entre outros artista como: Cone, Vinagre, Ghori, Hugo, Vela, Shesco, Tago, Primos e Luisito.
Assim, a cena da arte urbana de Santos começa a entrar no contexto histórico da cidade, participando de diferentes manifestações artística como: teatro, cenografia para performance, feiras, eventos, em meio a outras frentes. Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois de um lado o grafite é desempenhado com qualidade artística, e do outro não passa de poluição visual e vandalismo. Mas o que fortalece a arte urbana é que os grafiteiros querem sempre divulgar suas ideias.

*Aline Benedito é produtora multimídia

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